sábado, 24 de março de 2012

A grandeza poética de H. Dobal


por Edmílson Caminha

       O valor da poesia brasileira contemporânea se deve não só aos grandes poetas que todos aplaudem, mas, igualmente, aos outros que, tão bons quanto aqueles, a maioria desconhece. Quem já leu poemas de Francisco Carvalho e Loyola Rodrigues, do Ceará, João Carlos Teixeira Gomes, da Bahia, Cassiano Nunes, de Brasília? Os leitores da província, testemunhas do talento de quem se pode igualar aos eleitos pela fama. Junte-se, a esses que não aparecem, o piauiense H. Dobal. No discurso com que recentemente o saudou em nome da Academia Brasileira de Letras, o poeta Ivan Junqueira desculpou-se pela demora em descobrir um escritor com a estatura do colega de Teresina, comparável, segundo ele, a Carlos Drummond de Andrade e a João Cabral de Melo Neto.
O Tempo Conseqüente, livro com que estreou em 1966, já revela a grandeza e a força da poesia de H. Dobal. Tomem-se, para ilustração, os versos de “Fazenda”: São trinta cabeças / de gado cabrum. / Criação miúda / sem qualquer ciência. / (...) Mas vem da morte / sua serventia / o couro e a carne para o homem / mais pobre do que elas. Versos curtos, magros, incisivos, em que mal se percebe a adjetivação, tal a dureza com que é usada. E aí já se descobre, também, a vertente maior da poética dobaliana: o Piauí áspero e belo, a paisagem rude e sedutora, a seca e o rio, o homem e os bichos. É intensa e profunda a relação de H. Dobal com a terra piauiense, como um Anteu que arranca do chão as gotas da seiva que lhe dão a vida. Manuel Bandeira, oficial do mesmo ofício, estava certo: “Só mesmo um poeta ecumênico como Dobal podia fixar a sua província com expressão tão exata, a um tempo tão fresca e tão seca, despojada de quaisquer sentimentalidades, mas rica do sentimento profundo, visceral da terra.”



Na consciência da morte e no apelo do amor, o piauiense encontra matéria para a boa poesia — mas consciência sem angústia, apelo sem aflição. A morte aparece / sem fazer ruído, lemos nas primeiras páginas de As Formas Incompletas. Se, em “Os Amantes”, o poeta volta à mocidade para se fazer ouvir (Eis-me de novo adolescente. Triste / vivo outra vez amor e solidão.), é a voz madura que entoa a “Oração para Invocar as que não Vieram”: Venham a mim todas as que não me quiseram, / todas as que deixaram de conhecer, no sentido bíblico, / um homem competente não só na palavra amor / mas também nos carinhos mais fundos. Outros poemas se constroem na terceira pessoa (Os namorados na estrada / vão preparados para o domingo.) — como se, discreto e reservado, assumisse o poeta a isenta condição de observador, para melhor falar dos sentimentos alheios e não do que lhe vai no próprio coração. Daí o à vontade com que compõe “Os Graffiti Amorosos”: Sexoral. Orgasmo. Liberdade / para as minorias eróticas.
Nada, porém, que exceda a criação dobaliana de fundo épico, a exemplo do primoroso “Leonardo”: No campo raso vai galopando / Leonardo de Nossa Senhora / das Dores Castello Branco. “El Matador” denuncia a bárbarie de João do Rego Castello Branco, piauiense feroz: Matador de índios. / A fama de seu nome / a fúria de seu nome. / Sua memória em sangue / se repete. “Memorial do Jenipapo” lembra a famosa batalha que se travou nos domínios piauienses de Campo Maior: Este monumento / se levanta agora / na paisagem nobre: / que as éguas da noite / jamais perturbem / o sono anônimo / dos enterrados / nesta terra pobre.
Se há poetas que viram personalidades públicas, H. Dobal é um homem particular — como o compreende o cineasta Douglas Machado no filme que lhe dedicou. Segundo já disseram, sua obra deu dimensão universal à poesia piauiense. Pela força e pela grandeza com que nos emocionam, os versos de H. Dobal são daqueles que, sozinhos, valem por uma literatura. 
CONHEÇA MAIS DA OBRA DE DOBAL
  

quinta-feira, 22 de março de 2012

Manoel Paulo Nunes

Bacharel em Direito, professor, escritor e ensaísta. Nasceu em Regeneração, em 11 de outubro de 1925. Uma vida dedicada à educação e à literatura.

Filho de Francisco de Paula Teixeira Nunes e Raimunda da Silva Nunes. Professor universitário e ensaísta. Formado em Ciências Jurídicas e Sociais. Professor titular da Universidade Federal do Piauí, técnico em Assuntos Educacionais do MEC, aposentado. Presidiu a Fundação de Ensino Superior do Piauí e a Fundação Cultural do Estado. Foi Secretário de Estado da Cultura, assessor do Ministro da Educação e assessor do Departamento de Ensino Fundamental do MEC. Pertenceu ao Conselho Estadual de Educação do Piauí. Sócio da UBE/PI. Presidiu a Academia  Piauiense de Letras, por dois mandatos (1992-1996) e preside o Conselho Estadual de Cultura desde 13-01-1992. Foi um dos integrantes do Grupo Meridiano e da Arcádia dos Novos. Em 2005, foi contemplado com o prêmio João Ribeiro, da Academia Brasileira de Letras. Bibliografia: "A Geração Perdida - Ensaios e Notas Críticas" (1979); "A Província Restituída - Ensaios e Estudos" (1981 e 1985); “O Discurso Imperfeito” (1988); "Solidões Justapostas" (1994); “Tradição e Invenção - discursos acadêmicos” (1992); “Modernismo & Vanguarda” (1996); “Tradição e Invenção – nova série” (1998); “As Duas Faces na Nova Cultura” (1998); “Tradição e Modernidade em Eça de Queiroz” (2000) e muitos outros trabalhos divulgados através de jornais e revistas, entre os quais: "Panorama"; "Registro Crítico - O Retorno à Infância"; "Registro Crítico - Fora da Vida"; "Formação Histórica do Município de Regeneração" e "A Saga da Geração Perdida". Foi incluído na coletânea “Crônicas de Sempre” (1995), organizada por Adrião Neto. Comentário: ...homem de palavra fácil, fluente e fértil, ancorada em boa memória e admirável erudição. Percebe-se também sua inteireza moral, mas sem moralismo, de homem firme em suas idéias e convicções... (Elmar Carvalho, in "As Solidões Justapostas", revista Presença, 2º semestre de 1994).

segunda-feira, 19 de março de 2012

Zózimo Tavares Mendes

História da sociedade dos poetas trágicos

Dez homens, dez histórias entremeadas de poesia. Dez vidas que se foram rapidamente, dez obras que marcaram para sempre a literatura do Piauí.

Em “Sociedade dos Poetas Trágicos” (sim, sim, a inspiração para o título veio do filme do Peter Weir), o jornalista Zózimo Tavares traça perfis de dez poetas piauienses que viveram pouco mas deixaram obras intensas, belas, atemporais.


Quando li as biografias e alguns dos poemas do livro, só de imaginar o sofrimento daqueles homens senti lágrimas nos olhos. Pensei na dor de um cara de 19 anos que sente a vida ir embora a cada tosse, a cada escarro. Me refiro a José Newton de Freitas, morto aos 19 anos, vítima de tuberculose. Sua poesia é cheia de tristeza, desespero e urgência. 

Tavares comenta que a literatura brasileira reconhece Álvares de Azevedo como o poeta que morreu mais jovem, aos 21 anos. “Mas José Newton já é considerado por alguns críticos como o mais jovem porque morreu aos 19, deixando um trabalho marcante. O que acontece é que sua obra ficou muito aqui, quase não é conhecida fora. Tem especialistas que o vêem como o introdutor do Modernismo no Piauí, reconhecem em seus versos todas as características da poesia moderna”.


O livro é resultado de uma longa pesquisa e o autor diz que foi encontrando tantas histórias trágicas de poetas que teve que achar um critério de limites. “Os poetas trágicos do Piauí não são só dez, temos muitos mais, inclusive vivos. Nosso maior poeta vivo, o H. Dobal, convive há anos com o mal de Parkinson, que é uma tragédia na vida dele. Outro grande nome da poesia piauiense, Da Costa e Silva, viveu 16 anos sem saber quem era, por causa do Alzheimer. Resolvi então delimitar o livro pela idade, escolhi dez poetas que morreram antes dos 40 anos, quando estavam no auge de sua produção literária”.

Morte que assusta e fascina

É curioso perceber um certo fascínio pela morte na obra dos poetas escolhidos por Zózimo Tavares. Todos eles, ao menos uma vez, 
... CONTINUA



sábado, 17 de março de 2012

Judson Barros

 
Uma coletânea que nos apresenta o grito do Cerrado devastado e ferido mortalmente. Um grito que ecoa junto com o gemido das terras, das águas e dos povos do Cerrado. Gritos e gemidos que apelam para a resistência e a luta dos camponeses e das camponesas. Chico Mendes afirmava que “Só poderão salvar a Amazônia os Povos da Amazônia” e nós podemos acrescentar que não haverá salvação do Cerrado sem os Povos do Cerrado. 

A estratégia planetária com relação à agricultura concentra, hoje, os seus investimentos nas únicas áreas “agricultáveis”, que sobram na Terra; a maioria delas está no Brasil e correspondem aos dois ecossistemas maiores do País: A Amazônia e o Cerrado. É aqui que permanecem populações e economias ameaçadas de destruição. É aqui que poderia se dar uma luta pela terra, não norteada por uma concepção quantitativa dela, mas por uma visão qualitativa do território propiciada pelas economias agro-florestais e agroextrativistas tradicionais. E inspirada pelo projeto de convivência com os territórios: convivência respeitosa da Criação de Deus e alternativa à irracionalidade do atual modelo de desenvolvimento capitalista.

Dom Xavier Gilles - Bispo de Viana - Presidente do Regional CNBB Nordeste V


LEIA MAIS: http://ecosdocerrado.zip.net/
PAPELÃO: SUZANO  

Judson Barros – Militante da causa ambiental, Escritor e Presidente da ONG Fundação Águas. 

sexta-feira, 16 de março de 2012

quarta-feira, 14 de março de 2012

Climério Ferreira


Nasceu em Angical do Piauí. Poeta e letrista, publicou os livros Memórias do Bar do Pedro e Outras Canções, Canto do Retiro, A Gente e a Pantasma da Gente, Essa Gente e Artesanato Existencial.
Gravou (com os irmãos Clodo e Clésio) os LPs São Piauí, Chapada do Corisco, Ferreira, Profissão do Sonho, Clodo/Climério/ Clésio e Afinidades, além do CD-solo Canção do Amor Tranqüilo.
É parceiro dos irmãos Clodo e Clésio e de Ednardo, Dominguinhos, Naeno, Antonio Adolfo, Antonio Celso Duarte, Passoca, Celso Adolfo, Lázaro do Piauí, Netinho da Flauta, Julio Medeiros, Aloísio Brandão, Petrúcio Maia, Evelise Fernandes e outros; tem músicas gravadas por Dominguinhos, Ednardo, Nara Leão, Fagner, Tim Maia, Elba &malho, Amelinha, Mastruz com Leite, Trio Virgulino, Marlui Miranda, Maurício Mattar, Naeno, Silvinha Araújo, Guadalupe e com o grupo Flying Banana.

No link logo aqui embaixo você vai conhecer um pouco mais da vida e da obra deste poeta e compositor.Seu trabalho como letrista é reconhecido pelos admiradores da música popular brasileira. Respeitado pelos seus parceiros e intérpretes, que encontram em Climério um autor de poemas e letras que integram o sentimento do brasileiro do Nordeste, onde ele nasceu, do Centro, onde cresceu e do Sul, onde morou e se lançou na música junto aos seus novos parceiros...

MAIS DE CLIMÉRIO FERREIRA, AQUI

terça-feira, 13 de março de 2012

Curral de Serras


Alvina Fernandes Gameiro é piauiense de Oeiras, onde nasceu a 10 de novembro de 1917, e faleceu em Brasília, a 13 de agosto de 1999. Fez seus primeiros estudos em Teresina-PI, seguindo, mais tarde, para o Rio de Janeiro, onde se formou em Artes Plásticas pela Escola Nacional de Belas Artes, e, posteriormente, graduando-se pela Universidade de Colúmbia, NY – USA. Professora, romancista, contista, poetisa e pintora. Pertenceu à Academia Piauiense de Letras, cadeira nº 14-patrono: Cônego Raimundo Alves da Fonseca, grande tribuna sacro e brilhante latinista. 

Os Pais da escritora piauiense se chamavam Antônio Pedro Fernandes e Vitória Fernandes. 
Alvina Gameiro teve quatro irmãs: Maria, Luciana, Glória e Maura. 
O funileiro português Antônio Pedro Fernandes foi uma pessoa estimada no seu meio, que veio para o Brasil antes da 1ª Grande Guerra, e fixou-se em Belém, e depois foi contratado pelo governo do Piauí, para montar máquinas de Fabricação de laticínios. E escolheu a Chapada do Corisco, Teresina, em 1922, para fixar a sua residência, em caráter definitivo. E, na Cidade Verde, no dizer de Coelho Neto, viveu trinta e um anos, trabalhando com afinco e amando os necessitados, a quem socorria com dinheiro e refeição. Sua morte, ocorrida no ano de 1953, é uma prova eloqüente do seu amor ao próximo, pois o povo humilde, mendigos e velhos choraram copiosamente pelas ruas de Teresina a sua morte! 

MAIS DE ALVINA GAMEIRO AQUI
Caricatura: João de Deus Netto – picinez@gmail.com


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CAPA DE MINHA AUTORIA

Contato: picinez@gmail.com 



segunda-feira, 12 de março de 2012

Ramsés Ramos


Ramsés Bahury Ramos nasceu em Teresina, Piauí, em 1962, descendente de família de músicos. Viveu em Brasília e trabalhou nas Nações Unidas, como chefe do Cerimonial e de Relações Internacionais. Viveu também na Tchecoeslováquia e na Espanha. Faleceu na Rússia em 1998.
Lançou seis livros de poesia: Dois Gumes (1981), com Rosário Miranda; Envelope de Poesia (coletivo); Dança do Caos (1981), com Kenard Kruel, Eduardo Lopes, William Melo Soares e Zé Magão; Percurso do Verbo (1987); Baião de Todos (coletivo, 1996); e Poemas da Paixão (Praga, 1992).

SETE PECADOS DO AMOR

o melhor amor é o que não faz alarde
(mar como arde)
ao melhor amor nunca se esquece
(mas quem merece?)
melhor amor sempre tem dinheiro
(onde, o banqueiro?)
o melhor amor é desinteressado
(todo mundo é culpado!)
melhor amor jamais atraiçoa
(desse se caçoa)
o melhor amor te amará eternamente
(quanto se mente!)
o melhor amor, enfim, de tudo abdica
(esse, com quem fica?)

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HAI KAI DA ESPERA
(ao Mário Quintana)

enquanto você
guarda e aguarda
eu aguardente
(Teresina,02.09.87)

HAI-KAI DO AMANHECER

a ponta do dia
feria o horizonte:
amanhecia ...
(1987)

domingo, 11 de março de 2012

dEsEnrEdoS

Adriano Lobão Aragão nasceu em Teresina, Piauí, em  1977.  Formado em Letras pela UESPI, leciona língua portuguesa e literatura na rede particular de ensino de Teresina. Mestrando em Literatura pela UESPI. Fundador da revista amálgama, publicação dedicada à literatura. Em 1998, através do Concurso Novos Autores, recebeu o Prêmio Cidade de Teresina pelo livro Uns Poemas, publicado no ano seguinte pela Fundação Cultural Monsenhor Chaves. Em 2005 publicou Entrega a Própria Lança na Rude Batalha em que Morra, pela Fundac. Seu livro Yone de Safo foi agraciado em 2006 com prêmio Torquato Neto instituído pela Fundação Cultural do Piauí e publicado pela amálgama no ano seguinte. Publicou ainda as cinzas as palavras (amálgama, 2009) e ave eva (dEsEnrEdoS, 2011). Participou das coletâneas Versos Diversos (Passos/MG), Poetas do Brasil 2000 (Porto Alegre/RS) e Estas Flores de Lascivo Arabesco, poemas eróticos piauienses (Teresina/PI). Atualmente, edita o site dEsEnrEdoS e o blog Ágora da Taba.

entre folhas a parreira

mas de tua tez aflora
mais que evidente elegia
de fruta e aurora
e uva talvez teus seios
ou tua vulva
que entre folhas a parreira
sementes espalha
e de tuas mãos sobrepostas
como se a si segurasse
suavemente em essência
sendo o próprio pomo
o que emana teu âmago
em colheita inteira
somente em si

Leia  ave eva em PDF


terça-feira, 6 de março de 2012

Análise de Um Manicaca, de Abdias Neves

A obra Um manicaca, de Abdias Neves, foi composta com a intenção de documentar Teresina no apagar das luzes do século XIX e combater as práticas e a fé religiosa da coletividade e ainda algumas doutrinas do Catolicismo. No fim do século registrou: os animados festejos da igreja de N.S. do Amparo, de foguetório e namoricos. As festas de aniversário nas residências, quando os amigos chegam de surpresa, sem aviso: forma-se o baile, dança-se, bebe-se e fala-se da vida alheia. As alegrias públicas com o reconhecimento, pelo governo, dos parlamentares eleitos. O São João festivo, com o boi e fogos de artifício. Serenatas madrugadinas. As sentinelas em casa de defunto.
Caricatura do escritor Abdias Neves
Registrou a moda do tempo: a bengala, a flor na lapela, o leque, o chambre, o cabelo à escovinha. Não esqueceu os tipos: o acendedor de lampiões, o cangueiro dágua, nem certos hábitos como o rapé, as cartas anônimas, a vida noturna dos homens nos botequins. 


O Adultério: outra temática de evidência no romance, o adultério é uma crítica à instituição do casamento. Este aspecto é típico do Realismo-Naturalismo, desenvolvido por Machado de Assis e Aluisio de Azevedo. Júlia trai o marido com o sócio deste, Luís Borges, com quem tivera um rápido namoro na juventude. A relação adúltera é o comentário de toda a cidade, mantendo-se assim um casamento de aparências. Araújo, cada vez mais submisso aos desejos da mulher, torna-se um joguete em suas mãos, vindo a descobrir o fato próximo da fuga dos amantes. Todavia, aceita conformado, por ter necessidade da presença de Júlia. 


A obra foi publicada em 1909, embora escrita entre os anos de 1901 e 1902, e é a primeira expressão do romance de costumes da literatura piauiense, embora o escritor, documentando a época vivida pela capital piauiense e nos tempos finais do século XIX e alvorecer do XX, pretendesse sustentar as suas ideias anticlericais e o seu ateísmo, condenando os ritos, crenças e processos religiosos da Igreja Católica. Mas é também uma história de pecadores, numa cidade tomada de preconceitos, num tempo em que os ministros de Deus mais condenavam práticas do que educavam os espíritos. Era a exigência da época. A exigência dos costumes, a exigência das mentalidades.
Nota: Manicaca era um termo utilizado em Teresina, no final do século XIX e início do século XX, para designar os homens controlados pela mulher. Abdias Neves usou o referido termo para denominar este romance.
Créditos: Jordan Bruno, Professor de História, Graduado pela Universidade Estadual do Piauí |Colégio Pró-Campus | Pedro Vilarinho Castelo Branco, Doutor em História, membro permanente do Programa de Pós-Graduação em História da UFPI.
Capa: João de Deus Netto, para a Fundação Quixote


LEIA UMA ANÁLISE COMPLETA DE UM MANICACA
E TAMBÉM UMA CRÍTICA 

ALGUMAS CAPAS DE MINHA AUTORIA NA LITERATURA PIAUIENSE.

Capas encomendadas e devidamente negociadas. As edições ficam a cargo dos Editores/Escritores.




Fonseca Neto

A díade do título é dessas típicas formulações indicativas de bons enredos, ficcionais ou não. É o caso do romance de Eneas Barros há pouco tempo lançado à fruição do leitorado. 

O turco e o cinzelador – a comovente história que marcou as portas da igreja de São Benedito”: trata-se de uma criação literária inspirada em história real, no caso, a vida e drama de Sebastião Mendes de Souza, o artista que entalhou as portas da igreja de São Benedito, ainda no Oitocentos. Portas que são o único bem do gênero tombado pelo Patrimônio Artístico Nacional em Teresina –agora noutros gêneros foram tombados a Ponte Metálica e a Floresta Fóssil.

Ler o romance é conhecer algo sobre a vida dele, um piauiense quase absolutamente desconhecido, apesar da especial relevância de sua principal obra artística já referida. É conhecer mais sobre o contexto e cotidiano teresinense do tempo em que ele viveu – pois o autor é, igualmente, um dedicado pesquisador nas fontes primárias da história local.

Fonseca Neto é Historiador professor da UFPI e advogado.
Capa: João de Deus Netto

O campeador Cineas

bilhete

Perdão moça:
hoje não falo de mim
das vezes que tentei
das lutas que perdi...
Estou partindo
para o próximo sonho
queres ir?

Cineas Santos

Cineas pertence à família dos líricos com humor – como Bandeira e Quintana. Há em seus versos uma inata vocação para a ternura, principalmente nos poemas amorosos que, afastando-se do queixume ante a ausência da amada, celebram a possibilidade do encontro: “hoje não falo de mim,/ das vezes que tentei,/ das lutas que perdi./ Estou partindo para o próximo sonho/ queres ir?”. Aliás, quem conhece o autor e sua famosa rusticidade, lendo os seus poemas desfaz-se do mito: trata-se de um mandacaru com espinhos de água e pétalas.
Salgado Maranhão – poeta e letrista

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Esquecido de si, na tarefa que se impôs de divulgar a beleza e as virtudes do Piauí, Cineas Santos mal se lembra de que dentro dele mora um poeta sensível e exigente. Por isso, publica tão pouco. Feito um garimpeiro avarento, esconde as belas pepitas que vem recolhendo durante estes anos todos. Só lá de vez em quando, concorda em exibir algumas das preciosidades que vem recolhendo pela vida.
Paulo José Cunha - jornalista e poeta

Capa: 765comunicação - Ilustrações: Gabriel Archanjo