quinta-feira, 4 de outubro de 2012

João Freitas Filho



Que dor é esta?
Sentida,
Sem sentido,
Dor de amor!
Saudades daquela mulher,
Como se fosse de Vênus,
Planeta de uma só habitante.
Mas eu que sou é de terra,
Nascido em capricórnio,
Mas me entrego as luas de câncer
Nos seus ciclos de interferências,
Dos dias que vivo liberdade,
E dos terríveis efeitos da prisão.
Lua, oh lua, deixa teu escuro me amar.

João Freitas Filho nasceu em Teresina, Piauí. É advogado, industrial e trabalha no setor terciário. Formou-se em Direito, em Brasília, nos anos 80, onde compôs suas primeiras poesias. Hibernou até 2007, quando retornou com construções que abordam o meio ambiente, a vida pessoal e os estilos de vida de gente da cidade e do interior. O destino o desviou para a área industrial. Hoje, dedica a maior parte do tempo à Organização Não Governamental Sociedade Brasileira Sócio-Ambiental + Vida, à poesia, a fotografias, a este Site, e à criação de cavalos Paint Horse. É um leitor habitual de poetas piauienses como H. Dobal, Da Costa e Silva dentre muitos outros. De poetas brasileiros, é um leitor contumaz de Carlos Drummond de Andrade e Vinícios de Moraes.




terça-feira, 26 de junho de 2012

Pesquisas Para a História do Piauí



Odilon Nunes foi historiador de renome nacional. Nasceu em Amarante em 1899 e faleceu em Teresina em 1989. A sua extraordinária cultura humanística foi conseguida como autodidata. Projetou os seus conhecimentos no campo da Educação e da História. Fundou o Colégio Amarantino, onde preparou a juventude daquela cidade para a vida, dando-lhe estrutura moral e intelectual. Foi professor e diretor da Escola Normal Oficial e do Liceu Piauiense, de Teresina. Lecionou no Colégio Castelo (Fortaleza). Técnico em Educação, foi diretor da Instrução Pública do Estado.
Odilon pertenceu à Academia Piauiense de Letras. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Piauí e do Conselho Estadual de Educação. Doutor Honoris Causa, título conferido pela Universidade Federal do Piauí. Medalha do Mérito Joaquim Nabuco, de Pernambuco. Medalha do Mérito Visconde da Parnaíba, conferida pelo Instituto Histórico de Oeiras.
Odilon Nunes em 1984
A pertinácia, a dedicação e o ideal do professor Odilon Nunes proporcionaram um colossal acervo de dados e informações, que formaram uma fonte para a história do Piauí, assim apresentada pelas seguintes obras: O Piauí na História; Depoimentos Históricos; Os Primeiros Currais; [Pesquisas para a História do Piauí]; Economia e Finanças; Devassamento e Conquista do Piauí, entre outras.

Fonte: Ascom / FUNDAC-PI
Foto: Acervo de Maria Celeste da Cunha Lopes - gentilmente cedida por George Mendes (Plug Propaganda)
Caricatura: João de Deus Netto/Picinez

DISCURSO DE ODILON NUNES pronunciado no auditório da Universidade Federal do Piauí, dia 12/07/1974, quando lhe foi outorga do título de Doutor Honoris Causa.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Graça Vilhena


faça de conta
que o amor
é copo d'água
basta-lhe a sede
e não o mar

Graça Vilhena (Teresina) é uma poetisa piauiense participante da “Geração Mimeógrafo” ou “Geração 70", escritora participante dos movimentos culturais dos anos 70 à atualidade.

O GARRAFEIRO / graça vilhena

o garrafeiro era apenas um homem
que sobrava das ruas
também sujo de terra e esquecido
como as garrafas e cacos no quintal

suas mãos de cuidado
tangiam aranhas, lagartixas
e vez por outra
um escorpião afiado

depois arrumava as garrafas
lado a lado
âmbares, azuis, verdes, transparentes,
num arco-íris pobre

"essas são de vinho tinto"
dizia-me ele embriagado de vazios
e as de fundo côncavo serviam
para pescar piabas no Poti

o mundo é duro e frágil, eu aprendia
mas nele lições pequenas eternizam
piabas prateadas nas garrafas
como rutilos presos nos cristais

OUTUBRO

O amor acabou
mas é outubro
e respiro o perfume desse alívio
como se respira os lírios 
e a flor da sapucaia.
O amor acabou
meu coração passeia
por sobre as veias quentes das calçadas
bebendo o sangue dos cinzeiros
se avivando nos pau-darcos.
O amor acabou
mas é outubro
meu coração amadurece doce de sol
nos cajus e mangas-rosas
da cidade.

POEMA COMUM

"A moça do sim entrou no bar
olhou em volta, o coração em flor
enfeitava-lhe os cabelos
cuspiu semente de noites pelos olhos
e preparou a boca ardentemente
para os beijos mudos.

Desapareceu na noite
gargalhou a madrugada
e voltou sozinha na manhã

Tentou encarar seu destino
no ralo da pia
mas o peso da lágrima
foi mais forte
transfigurada
recolheu o coração
murcho de engano
fugiu no sono
e sonhou que vivia."

Maria das Graças Pinheiro Gonçalves Vilhena é formada em Letras pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), tem especialização em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica,PUC/SP. É Professora de Língua Portuguesa. Atualmente, dá aulas no Instituto Dom Barreto, lecionando Literatura Clássica, conhecida por sua rigorosidade e avaliações de alto nível de dificuldade.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

A Moça Velha, a Moça Nova e o Cabeça de Cuia




Edmar Oliveira

Teresina tem fama em todo país de ter as mulheres mais lindas e os homens mais feios. Sorte nossa que elas já estão acostumadas com nossos defeitos. Mas elas são belas e cantadas em todo canto desse imenso Brasil. E a nós fez exigentes com a beleza delas. Fogosos baixinhos esmirradinhos, se achando!  

O símbolo da beleza feminina de Teresina tem 72 anos de beleza e graça, que num por do sol é atravessada pelas cores rubras do ocaso na linha do equador, emoldurando uma pintura surreal, assombreando sua silhueta no leito manso do velho monge. A moça velha carregava a linha férrea atravessando as águas, primeira ponte entre os dois estados, ligando as margens que o rio, como uma longa coluna vertebral, faz a fronteira natural. E bela, quanto mais velha mais bela, ilumina em mim as recordações da minha terra. Não tem Teresina sem a ponte João Luis Ferreira, nome de um governador da terra que foi amigo de Lima Barreto e mereceu dele a dedicatória do Policarpo Quaresma. E o rio Parnaíba é o velho monge, na imagem poética de Da Costa e Silva, nosso simbolista de Amarante. A ponte metálica, como nós a chamávamos carinhosamente, símbolo da cidade e vistoso cartão postal todo ligado à poesia.  


Mas eis que uma moça nova se assanhou por cima do rio Poty, ligando a cidade antiga aos bairros modernos e chiques da zona leste, e vem tomando o lugar da moça velha no coração dos jovens teresinenses. A ponte estaiada, sem um pilar dentro do rio, é sustentada por estaias metálicas que se seguram numa pilastra. No cume dessa pilastra, ligada por elevadores, tem-se a vista da chapada do corisco. A moça nova nos seduz pelo alcance de sua beleza até onde a vista alcança, sem botar o pezinho n’água.

Confesso que as curvas da moça nova tem uma graça singular da beleza de juventude. Rebola com graça e sensualidade atirando-se de um lado a outro do outro rio dessa cidade, que tem no encontro das águas a lenda trágica do Cabeça de Cuia. A lenda matricida do Cabeça de Cuia é nossa: Crispim, o pescador desesperado dos rios, por não encontrar neles os peixes desejados mata a mãe com um osso de boi servido com água na sopa rala por falta de tudo. A mãe, antes de morrer joga uma praga: ele vagaria como um monstro nas águas, com uma cabeça enorme a boiar, até devorar sete virgens de nome Maria. A moça nova nem bota o pezinho n’água, com medo do Cabeça de Cuia.  

 A cidade ficou encantada com a moça nova e esqueceu da moça velha. Há muito tempo tiraram o trem dos seus trilhos. Asfaltaram seu chão de dormentes de madeira e fizeram semáforos de lado e outro da ponte, pois ela só permite um carro por vez. Li agora, entristecido, que os semáforos queimaram e nenhuma autoridade se responsabiliza pela manutenção da ponte metálica. Interrompeu-se o trafico, abandonaram a moça velha que chora pedaços metálicos enferrujados no rio Parnaíba.

Embora a moça velha esteja com os pés dentro da água, nem o Cabeça de Cuia a quer mais. Ela não é mais virgem. E eu choro pela minha moça velha, ainda tão bonita, apesar de maltratada. 

Edmar Oliveira - Médico psiquiatra, ex-diretor do Instituto Municipal Nise da Silveira (Rio de Janeiro), autor de Ouvindo Vozes e Von Meduna, ambos sobre a prática em saúde mental. Blogueiro do Piauínauta 

sábado, 24 de março de 2012

A grandeza poética de H. Dobal


por Edmílson Caminha

       O valor da poesia brasileira contemporânea se deve não só aos grandes poetas que todos aplaudem, mas, igualmente, aos outros que, tão bons quanto aqueles, a maioria desconhece. Quem já leu poemas de Francisco Carvalho e Loyola Rodrigues, do Ceará, João Carlos Teixeira Gomes, da Bahia, Cassiano Nunes, de Brasília? Os leitores da província, testemunhas do talento de quem se pode igualar aos eleitos pela fama. Junte-se, a esses que não aparecem, o piauiense H. Dobal. No discurso com que recentemente o saudou em nome da Academia Brasileira de Letras, o poeta Ivan Junqueira desculpou-se pela demora em descobrir um escritor com a estatura do colega de Teresina, comparável, segundo ele, a Carlos Drummond de Andrade e a João Cabral de Melo Neto.
O Tempo Conseqüente, livro com que estreou em 1966, já revela a grandeza e a força da poesia de H. Dobal. Tomem-se, para ilustração, os versos de “Fazenda”: São trinta cabeças / de gado cabrum. / Criação miúda / sem qualquer ciência. / (...) Mas vem da morte / sua serventia / o couro e a carne para o homem / mais pobre do que elas. Versos curtos, magros, incisivos, em que mal se percebe a adjetivação, tal a dureza com que é usada. E aí já se descobre, também, a vertente maior da poética dobaliana: o Piauí áspero e belo, a paisagem rude e sedutora, a seca e o rio, o homem e os bichos. É intensa e profunda a relação de H. Dobal com a terra piauiense, como um Anteu que arranca do chão as gotas da seiva que lhe dão a vida. Manuel Bandeira, oficial do mesmo ofício, estava certo: “Só mesmo um poeta ecumênico como Dobal podia fixar a sua província com expressão tão exata, a um tempo tão fresca e tão seca, despojada de quaisquer sentimentalidades, mas rica do sentimento profundo, visceral da terra.”



Na consciência da morte e no apelo do amor, o piauiense encontra matéria para a boa poesia — mas consciência sem angústia, apelo sem aflição. A morte aparece / sem fazer ruído, lemos nas primeiras páginas de As Formas Incompletas. Se, em “Os Amantes”, o poeta volta à mocidade para se fazer ouvir (Eis-me de novo adolescente. Triste / vivo outra vez amor e solidão.), é a voz madura que entoa a “Oração para Invocar as que não Vieram”: Venham a mim todas as que não me quiseram, / todas as que deixaram de conhecer, no sentido bíblico, / um homem competente não só na palavra amor / mas também nos carinhos mais fundos. Outros poemas se constroem na terceira pessoa (Os namorados na estrada / vão preparados para o domingo.) — como se, discreto e reservado, assumisse o poeta a isenta condição de observador, para melhor falar dos sentimentos alheios e não do que lhe vai no próprio coração. Daí o à vontade com que compõe “Os Graffiti Amorosos”: Sexoral. Orgasmo. Liberdade / para as minorias eróticas.
Nada, porém, que exceda a criação dobaliana de fundo épico, a exemplo do primoroso “Leonardo”: No campo raso vai galopando / Leonardo de Nossa Senhora / das Dores Castello Branco. “El Matador” denuncia a bárbarie de João do Rego Castello Branco, piauiense feroz: Matador de índios. / A fama de seu nome / a fúria de seu nome. / Sua memória em sangue / se repete. “Memorial do Jenipapo” lembra a famosa batalha que se travou nos domínios piauienses de Campo Maior: Este monumento / se levanta agora / na paisagem nobre: / que as éguas da noite / jamais perturbem / o sono anônimo / dos enterrados / nesta terra pobre.
Se há poetas que viram personalidades públicas, H. Dobal é um homem particular — como o compreende o cineasta Douglas Machado no filme que lhe dedicou. Segundo já disseram, sua obra deu dimensão universal à poesia piauiense. Pela força e pela grandeza com que nos emocionam, os versos de H. Dobal são daqueles que, sozinhos, valem por uma literatura. 
CONHEÇA MAIS DA OBRA DE DOBAL
  

quinta-feira, 22 de março de 2012

Manoel Paulo Nunes

Bacharel em Direito, professor, escritor e ensaísta. Nasceu em Regeneração, em 11 de outubro de 1925. Uma vida dedicada à educação e à literatura.

Filho de Francisco de Paula Teixeira Nunes e Raimunda da Silva Nunes. Professor universitário e ensaísta. Formado em Ciências Jurídicas e Sociais. Professor titular da Universidade Federal do Piauí, técnico em Assuntos Educacionais do MEC, aposentado. Presidiu a Fundação de Ensino Superior do Piauí e a Fundação Cultural do Estado. Foi Secretário de Estado da Cultura, assessor do Ministro da Educação e assessor do Departamento de Ensino Fundamental do MEC. Pertenceu ao Conselho Estadual de Educação do Piauí. Sócio da UBE/PI. Presidiu a Academia  Piauiense de Letras, por dois mandatos (1992-1996) e preside o Conselho Estadual de Cultura desde 13-01-1992. Foi um dos integrantes do Grupo Meridiano e da Arcádia dos Novos. Em 2005, foi contemplado com o prêmio João Ribeiro, da Academia Brasileira de Letras. Bibliografia: "A Geração Perdida - Ensaios e Notas Críticas" (1979); "A Província Restituída - Ensaios e Estudos" (1981 e 1985); “O Discurso Imperfeito” (1988); "Solidões Justapostas" (1994); “Tradição e Invenção - discursos acadêmicos” (1992); “Modernismo & Vanguarda” (1996); “Tradição e Invenção – nova série” (1998); “As Duas Faces na Nova Cultura” (1998); “Tradição e Modernidade em Eça de Queiroz” (2000) e muitos outros trabalhos divulgados através de jornais e revistas, entre os quais: "Panorama"; "Registro Crítico - O Retorno à Infância"; "Registro Crítico - Fora da Vida"; "Formação Histórica do Município de Regeneração" e "A Saga da Geração Perdida". Foi incluído na coletânea “Crônicas de Sempre” (1995), organizada por Adrião Neto. Comentário: ...homem de palavra fácil, fluente e fértil, ancorada em boa memória e admirável erudição. Percebe-se também sua inteireza moral, mas sem moralismo, de homem firme em suas idéias e convicções... (Elmar Carvalho, in "As Solidões Justapostas", revista Presença, 2º semestre de 1994).

segunda-feira, 19 de março de 2012

Zózimo Tavares Mendes

História da sociedade dos poetas trágicos

Dez homens, dez histórias entremeadas de poesia. Dez vidas que se foram rapidamente, dez obras que marcaram para sempre a literatura do Piauí.

Em “Sociedade dos Poetas Trágicos” (sim, sim, a inspiração para o título veio do filme do Peter Weir), o jornalista Zózimo Tavares traça perfis de dez poetas piauienses que viveram pouco mas deixaram obras intensas, belas, atemporais.


Quando li as biografias e alguns dos poemas do livro, só de imaginar o sofrimento daqueles homens senti lágrimas nos olhos. Pensei na dor de um cara de 19 anos que sente a vida ir embora a cada tosse, a cada escarro. Me refiro a José Newton de Freitas, morto aos 19 anos, vítima de tuberculose. Sua poesia é cheia de tristeza, desespero e urgência. 

Tavares comenta que a literatura brasileira reconhece Álvares de Azevedo como o poeta que morreu mais jovem, aos 21 anos. “Mas José Newton já é considerado por alguns críticos como o mais jovem porque morreu aos 19, deixando um trabalho marcante. O que acontece é que sua obra ficou muito aqui, quase não é conhecida fora. Tem especialistas que o vêem como o introdutor do Modernismo no Piauí, reconhecem em seus versos todas as características da poesia moderna”.


O livro é resultado de uma longa pesquisa e o autor diz que foi encontrando tantas histórias trágicas de poetas que teve que achar um critério de limites. “Os poetas trágicos do Piauí não são só dez, temos muitos mais, inclusive vivos. Nosso maior poeta vivo, o H. Dobal, convive há anos com o mal de Parkinson, que é uma tragédia na vida dele. Outro grande nome da poesia piauiense, Da Costa e Silva, viveu 16 anos sem saber quem era, por causa do Alzheimer. Resolvi então delimitar o livro pela idade, escolhi dez poetas que morreram antes dos 40 anos, quando estavam no auge de sua produção literária”.

Morte que assusta e fascina

É curioso perceber um certo fascínio pela morte na obra dos poetas escolhidos por Zózimo Tavares. Todos eles, ao menos uma vez, 
... CONTINUA



sábado, 17 de março de 2012

Judson Barros

 
Uma coletânea que nos apresenta o grito do Cerrado devastado e ferido mortalmente. Um grito que ecoa junto com o gemido das terras, das águas e dos povos do Cerrado. Gritos e gemidos que apelam para a resistência e a luta dos camponeses e das camponesas. Chico Mendes afirmava que “Só poderão salvar a Amazônia os Povos da Amazônia” e nós podemos acrescentar que não haverá salvação do Cerrado sem os Povos do Cerrado. 

A estratégia planetária com relação à agricultura concentra, hoje, os seus investimentos nas únicas áreas “agricultáveis”, que sobram na Terra; a maioria delas está no Brasil e correspondem aos dois ecossistemas maiores do País: A Amazônia e o Cerrado. É aqui que permanecem populações e economias ameaçadas de destruição. É aqui que poderia se dar uma luta pela terra, não norteada por uma concepção quantitativa dela, mas por uma visão qualitativa do território propiciada pelas economias agro-florestais e agroextrativistas tradicionais. E inspirada pelo projeto de convivência com os territórios: convivência respeitosa da Criação de Deus e alternativa à irracionalidade do atual modelo de desenvolvimento capitalista.

Dom Xavier Gilles - Bispo de Viana - Presidente do Regional CNBB Nordeste V


LEIA MAIS: http://ecosdocerrado.zip.net/
PAPELÃO: SUZANO  

Judson Barros – Militante da causa ambiental, Escritor e Presidente da ONG Fundação Águas. 

sexta-feira, 16 de março de 2012

quarta-feira, 14 de março de 2012

Climério Ferreira


Nasceu em Angical do Piauí. Poeta e letrista, publicou os livros Memórias do Bar do Pedro e Outras Canções, Canto do Retiro, A Gente e a Pantasma da Gente, Essa Gente e Artesanato Existencial.
Gravou (com os irmãos Clodo e Clésio) os LPs São Piauí, Chapada do Corisco, Ferreira, Profissão do Sonho, Clodo/Climério/ Clésio e Afinidades, além do CD-solo Canção do Amor Tranqüilo.
É parceiro dos irmãos Clodo e Clésio e de Ednardo, Dominguinhos, Naeno, Antonio Adolfo, Antonio Celso Duarte, Passoca, Celso Adolfo, Lázaro do Piauí, Netinho da Flauta, Julio Medeiros, Aloísio Brandão, Petrúcio Maia, Evelise Fernandes e outros; tem músicas gravadas por Dominguinhos, Ednardo, Nara Leão, Fagner, Tim Maia, Elba &malho, Amelinha, Mastruz com Leite, Trio Virgulino, Marlui Miranda, Maurício Mattar, Naeno, Silvinha Araújo, Guadalupe e com o grupo Flying Banana.

No link logo aqui embaixo você vai conhecer um pouco mais da vida e da obra deste poeta e compositor.Seu trabalho como letrista é reconhecido pelos admiradores da música popular brasileira. Respeitado pelos seus parceiros e intérpretes, que encontram em Climério um autor de poemas e letras que integram o sentimento do brasileiro do Nordeste, onde ele nasceu, do Centro, onde cresceu e do Sul, onde morou e se lançou na música junto aos seus novos parceiros...

MAIS DE CLIMÉRIO FERREIRA, AQUI

terça-feira, 13 de março de 2012

Curral de Serras


Alvina Fernandes Gameiro é piauiense de Oeiras, onde nasceu a 10 de novembro de 1917, e faleceu em Brasília, a 13 de agosto de 1999. Fez seus primeiros estudos em Teresina-PI, seguindo, mais tarde, para o Rio de Janeiro, onde se formou em Artes Plásticas pela Escola Nacional de Belas Artes, e, posteriormente, graduando-se pela Universidade de Colúmbia, NY – USA. Professora, romancista, contista, poetisa e pintora. Pertenceu à Academia Piauiense de Letras, cadeira nº 14-patrono: Cônego Raimundo Alves da Fonseca, grande tribuna sacro e brilhante latinista. 

Os Pais da escritora piauiense se chamavam Antônio Pedro Fernandes e Vitória Fernandes. 
Alvina Gameiro teve quatro irmãs: Maria, Luciana, Glória e Maura. 
O funileiro português Antônio Pedro Fernandes foi uma pessoa estimada no seu meio, que veio para o Brasil antes da 1ª Grande Guerra, e fixou-se em Belém, e depois foi contratado pelo governo do Piauí, para montar máquinas de Fabricação de laticínios. E escolheu a Chapada do Corisco, Teresina, em 1922, para fixar a sua residência, em caráter definitivo. E, na Cidade Verde, no dizer de Coelho Neto, viveu trinta e um anos, trabalhando com afinco e amando os necessitados, a quem socorria com dinheiro e refeição. Sua morte, ocorrida no ano de 1953, é uma prova eloqüente do seu amor ao próximo, pois o povo humilde, mendigos e velhos choraram copiosamente pelas ruas de Teresina a sua morte! 

MAIS DE ALVINA GAMEIRO AQUI
Caricatura: João de Deus Netto – picinez@gmail.com


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CAPA DE MINHA AUTORIA

Contato: picinez@gmail.com 



segunda-feira, 12 de março de 2012

Ramsés Ramos


Ramsés Bahury Ramos nasceu em Teresina, Piauí, em 1962, descendente de família de músicos. Viveu em Brasília e trabalhou nas Nações Unidas, como chefe do Cerimonial e de Relações Internacionais. Viveu também na Tchecoeslováquia e na Espanha. Faleceu na Rússia em 1998.
Lançou seis livros de poesia: Dois Gumes (1981), com Rosário Miranda; Envelope de Poesia (coletivo); Dança do Caos (1981), com Kenard Kruel, Eduardo Lopes, William Melo Soares e Zé Magão; Percurso do Verbo (1987); Baião de Todos (coletivo, 1996); e Poemas da Paixão (Praga, 1992).

SETE PECADOS DO AMOR

o melhor amor é o que não faz alarde
(mar como arde)
ao melhor amor nunca se esquece
(mas quem merece?)
melhor amor sempre tem dinheiro
(onde, o banqueiro?)
o melhor amor é desinteressado
(todo mundo é culpado!)
melhor amor jamais atraiçoa
(desse se caçoa)
o melhor amor te amará eternamente
(quanto se mente!)
o melhor amor, enfim, de tudo abdica
(esse, com quem fica?)

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HAI KAI DA ESPERA
(ao Mário Quintana)

enquanto você
guarda e aguarda
eu aguardente
(Teresina,02.09.87)

HAI-KAI DO AMANHECER

a ponta do dia
feria o horizonte:
amanhecia ...
(1987)

domingo, 11 de março de 2012

dEsEnrEdoS

Adriano Lobão Aragão nasceu em Teresina, Piauí, em  1977.  Formado em Letras pela UESPI, leciona língua portuguesa e literatura na rede particular de ensino de Teresina. Mestrando em Literatura pela UESPI. Fundador da revista amálgama, publicação dedicada à literatura. Em 1998, através do Concurso Novos Autores, recebeu o Prêmio Cidade de Teresina pelo livro Uns Poemas, publicado no ano seguinte pela Fundação Cultural Monsenhor Chaves. Em 2005 publicou Entrega a Própria Lança na Rude Batalha em que Morra, pela Fundac. Seu livro Yone de Safo foi agraciado em 2006 com prêmio Torquato Neto instituído pela Fundação Cultural do Piauí e publicado pela amálgama no ano seguinte. Publicou ainda as cinzas as palavras (amálgama, 2009) e ave eva (dEsEnrEdoS, 2011). Participou das coletâneas Versos Diversos (Passos/MG), Poetas do Brasil 2000 (Porto Alegre/RS) e Estas Flores de Lascivo Arabesco, poemas eróticos piauienses (Teresina/PI). Atualmente, edita o site dEsEnrEdoS e o blog Ágora da Taba.

entre folhas a parreira

mas de tua tez aflora
mais que evidente elegia
de fruta e aurora
e uva talvez teus seios
ou tua vulva
que entre folhas a parreira
sementes espalha
e de tuas mãos sobrepostas
como se a si segurasse
suavemente em essência
sendo o próprio pomo
o que emana teu âmago
em colheita inteira
somente em si

Leia  ave eva em PDF


terça-feira, 6 de março de 2012

Análise de Um Manicaca, de Abdias Neves

A obra Um manicaca, de Abdias Neves, foi composta com a intenção de documentar Teresina no apagar das luzes do século XIX e combater as práticas e a fé religiosa da coletividade e ainda algumas doutrinas do Catolicismo. No fim do século registrou: os animados festejos da igreja de N.S. do Amparo, de foguetório e namoricos. As festas de aniversário nas residências, quando os amigos chegam de surpresa, sem aviso: forma-se o baile, dança-se, bebe-se e fala-se da vida alheia. As alegrias públicas com o reconhecimento, pelo governo, dos parlamentares eleitos. O São João festivo, com o boi e fogos de artifício. Serenatas madrugadinas. As sentinelas em casa de defunto.
Caricatura do escritor Abdias Neves
Registrou a moda do tempo: a bengala, a flor na lapela, o leque, o chambre, o cabelo à escovinha. Não esqueceu os tipos: o acendedor de lampiões, o cangueiro dágua, nem certos hábitos como o rapé, as cartas anônimas, a vida noturna dos homens nos botequins. 


O Adultério: outra temática de evidência no romance, o adultério é uma crítica à instituição do casamento. Este aspecto é típico do Realismo-Naturalismo, desenvolvido por Machado de Assis e Aluisio de Azevedo. Júlia trai o marido com o sócio deste, Luís Borges, com quem tivera um rápido namoro na juventude. A relação adúltera é o comentário de toda a cidade, mantendo-se assim um casamento de aparências. Araújo, cada vez mais submisso aos desejos da mulher, torna-se um joguete em suas mãos, vindo a descobrir o fato próximo da fuga dos amantes. Todavia, aceita conformado, por ter necessidade da presença de Júlia. 


A obra foi publicada em 1909, embora escrita entre os anos de 1901 e 1902, e é a primeira expressão do romance de costumes da literatura piauiense, embora o escritor, documentando a época vivida pela capital piauiense e nos tempos finais do século XIX e alvorecer do XX, pretendesse sustentar as suas ideias anticlericais e o seu ateísmo, condenando os ritos, crenças e processos religiosos da Igreja Católica. Mas é também uma história de pecadores, numa cidade tomada de preconceitos, num tempo em que os ministros de Deus mais condenavam práticas do que educavam os espíritos. Era a exigência da época. A exigência dos costumes, a exigência das mentalidades.
Nota: Manicaca era um termo utilizado em Teresina, no final do século XIX e início do século XX, para designar os homens controlados pela mulher. Abdias Neves usou o referido termo para denominar este romance.
Créditos: Jordan Bruno, Professor de História, Graduado pela Universidade Estadual do Piauí |Colégio Pró-Campus | Pedro Vilarinho Castelo Branco, Doutor em História, membro permanente do Programa de Pós-Graduação em História da UFPI.
Capa: João de Deus Netto, para a Fundação Quixote


LEIA UMA ANÁLISE COMPLETA DE UM MANICACA
E TAMBÉM UMA CRÍTICA 

ALGUMAS CAPAS DE MINHA AUTORIA NA LITERATURA PIAUIENSE.

Capas encomendadas e devidamente negociadas. As edições ficam a cargo dos Editores/Escritores.